Se eu fosse louca,
Teria um delírio de grandeza.
Seria rica e a minha riqueza, felicidade.
Vestir-me-ia como se acreditasse em mim.
Olharia as pessoas nos olhos.
Ninguém me diria o que fazer.
Vozes dir-me-iam coisas bonitas, porque seriam o reflexo da minha mente.
Saberia fazer bolo de cenoura. Sempre com um sorriso na cara.
"leal", letra a letra, na tua forma de escrever que me irrita.
Não te precipitaste. Ou então foi mesmo espontâneo, gostava de pensar que assim foi, algo que surgiu de imediato, impulso. Mas acho que foi pensado com uma certa sensibilidade, a tua profundidade escondida.
Leal não é só o adjectivo. É uma palavra que define três anos da minha vida.
Esses anos em que conheci e voltei a conhecer as melhores pessoas do mundo.
Tive as melhores experiências. E as piores, mas não necessariamente más.
Apenas necessárias.
Cresci.
Mutabilidade. Nova fase da vida, novos mundos para descobrir e o mundo mais complexo de todos: o eu.
Os princípios. De uma vez por todas, não para sempre: cada momento presente.
O espírito, cheio de coisas nenhumas. Cheio de pensamentos contraditórios sobre tudo. Porém, algumas certezas. Como a verdade, não tem pré-conceitos ou disfarce, nem sempre é bonita, é essencial. Como o silêncio, a simples melodia. Como a harmonia do corpo. O espelho da mente.
O eu torna-se diferente. Não se prende a nada a não ser a si mesmo, ao que sente, ao que precisa. Acredita.
Ser leal.
a diferença entre a indiferença e algo mais profundo, suficiente para reduzir a pessoa àquilo que é essencial.
As superficialidades não se comparam a uma mão sobre o ombro, pontas dos dedos pelo braço, pegar na mão. A um abraço. Faz-nos ver o potencial de cada relação, como todas elas nos enriquecem, as breves, as limitadas, as falsas... e aquelas que se podem tornar verdadeiras.
É reconfortante aquele momento em que nos apercebermos que estamos no caminho certo. Que estamos a avançar, passo a passo, para fazer aquilo que é verdade para nós. Aquilo que nos permite ser nós próprios e ao mesmo tempo nos desafia. Temos o mundo à nossa espera.
Só tinha uma memória deste dia, quando eu e a A. pusemos a J. a chorar porque a fizemos acreditar completamente que naquela noite uma bruxa ia visitá-la e todos os pesadelos que ela tinha tido iam tornar-se realidade. Tínhamos 8 anos, a J. dormiu com os pais nessa noite. E foi a coisa mais divertida de sempre.
Mas só agora, passados 10 anos, é que começo a reconhecer a dimensão considerável deste evento em Portugal, a perceber o encanto de 31 de Outubro. Que pode muito bem tornar-se a noite mais divertida de sempre.
Por isso, para o ano por esta altura não terei apenas vestígios de um líquido vermelho entre as unhas e as lentes de contacto cor-de-rosa. As criancinhas vão adorar-me, muaha...